Limitar sacola plástica é tendência mundial


Supermercados já não fornecem sacolas plásticas para carregar compras; consumidor tem de se adaptar

28/01/2012 10:45 - Atualizado em 17/11/2017 10:51 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Caixas de papelão e sacolas de pano são algumas alternativas

O fim da distribuição de sacolas plásticas pelos supermercados paulistas vem pôr em prática um protocolo de intenção assinado entre a Secretaria estadual do Meio Ambiente e a Apas (Associação Paulista de Supermercados). A iniciativa segue uma tendência que ganha fôlego em várias partes do mundo.

Embora o fornecimento das sacolas plásticas pelo varejo ainda seja liberado em vários países, como a Argentina e o Irã, um número crescente de nações ou cidades tem adotado alguma forma de restrição.

Bangladesh, na Ásia, tem uma das histórias mais antigas de proibição, que vigora desde 2002, depois de o entupimento de bueiros por plástico ter sido identificado como o fator responsável por uma inundação que devastou o país em 1998.

Em diversos países africanos (como Ruanda, Quênia, Uganda e Somália), o varejo também é proibido de distribuir as sacolinhas.

Na China, o varejo de todo o país é obrigado a cobrar pelas sacolas desde 2008. Um estudo da Universidade de Gotemburgo (Suécia), divulgado em 2010, indicou queda de 50% no consumo das sacolinhas no país depois da adoção da medida.

O especialista Roberto Nascimento de Oliveira critica o fato de que o acordo para a proibição das sacolas em São Paulo não tenha sido precedido de uma pesquisa de opinião sobre o tema.

“Era fundamental consultar o consumidor antes para só então decidir que medida implantar e como implantar”, diz Oliveira, professor do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

O presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), João Galassi, diz não ter informações sobre os detalhes dos projetos para restrição do uso de sacolinhas implementados em outros países, mas acredita que “os consumidores vão, aos poucos, mudando de hábitos quando a causa é justa”.

Fim da sacolinha plástica desafia consumidor

Fazer as compras no supermercado está mais complexo. É que a partir de agora as sacolinhas plásticas deixarão de ser distribuídas gratuitamente em vários supermercados do Estado de São Paulo.

Quem não quiser sair do estabelecimento com os produtos na mão terá de se lembrar de levar a sua própria ecobag (sacola ecológica) ou carrinho de feira. Existem tamanhos, modelos e materiais (papel, pano, lona, juta, plástico, plástico) para todos os gostos, bolsos e exigências de uso.

Nos municípios onde circula o Comunicativo, a maioria dos supermercados já não dispõe da sacolinha plástica. Há alguns que ainda distribuem para acabar com as que possuem no estoque.

Na melhor das hipóteses, o consumidor vai ganhar do supermercado uma caixa de papelão usada ou terá de comprar uma sacolinha biodegradável por R$ 0,19. Os críticos dizem que essa sacola não resolve o problema porque não há compostagem capaz de degradar lixo orgânico no país.

Mas a sacola compostável é a que melhor se adapta à realidade de lixões e de aterros sanitários, onde elas se degradam em dois anos. Sem coleta seletiva, o plástico vai para o mesmo lugar e demora mais de cem anos para se decompor.

Em Gabriel Monteiro, há uma lei municipal que obriga os estabelecimentos comerciais a adotarem sacolas retornáveis ou ecológicas desde o ano passado.

O estabelecimento que não cumprir a determinação será autuado em dez mudas de árvores. Em caso de reincidência, a multa será em dobro e terá o alvará de funcionamento suspenso até que as sacolas de plástico sejam totalmente substituídas.

Para quem acha que esta mudança de hábito será uma “dor de cabeça” não imagina o que ainda vem por ai. Isso é só o começo da longa saga de responsabilidades e custos financeiros que virão. Depois vem a coleta seletiva - a meta do país (não é só do poder público) é universalizá-la em 2014.