Consumo de crack é problema para 70% das cidades da região de Araçatuba


Levantamento da CNM aponta ainda que 12 municípios da região estão classificados como 'nível alto'

31/05/2017 10:22 - Atualizado em 26/06/2017 22:33 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Dos 43 municípios que compõem a região de Araçatuba, 70,7% deles enfrentam o problema do consumo do crack. É o que revela uma pesquisa feita com base em relatório divulgado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

O relatório da CNM classifica o grau de problemas relacionados ao consumo de crack em três níveis, sendo: baixo, médio e alto. Das 645 cidades paulistas, o crack é considerado ameaça em 558 delas, segundo o levantamento.

Entre os municípios onde circula o Comunicativo, Clementina aparece como ‘nível alto’. A informação é confirmada pelo Cras (Centro de Referência da Assistência Social), o qual diz que é grande e preocupante a quantidade de pessoas envolvidas com drogas de um modo geral, além do crack.

O Cras informou que o município dispõe de um psicólogo para atender essas pessoas. No entanto, relata que a cidade não tem uma clínica para tratamento e que, quando há algum usuário que deseja realizar o tratamento de desintoxicação, que o mesmo é encaminhado para clínicas particulares ou entidades assistenciais da região.

Os municípios de Piacatu e Santópolis do Aguapeí estão classificados no ‘nível médio’ dos problemas relacionados ao consumo de crack. Em Piacatu, conforme apurou a reportagem, o Comad (Comitê Antidrogas) - que foi implantado em 2013 - se encontra em processo de reativação do conselho do órgão, o qual está previsto para acontecer nas próximas semanas.

Já os municípios de Bilac e Gabriel Monteiro aparecem no relatório da CNM como ‘nível baixo’ para os problemas relacionados ao consumo de crack.

De um modo geral, a CNM relata que, para as Prefeituras, as principais áreas afetadas pela circulação da droga são: Saúde (67,1%), Assistência Social (57,5%) e Segurança Pública (49,1%).

Patologia

Considerada transtorno mental, em que o portador do distúrbio perde o controle do uso da substância - e consequentemente vê vida psíquica, emocional e física se deteriorar gravemente - a dependência química deve ser tratada com ajuda de profissionais e especialistas.

Os portadores de transtorno biopsicossocial não escolhem ter a doença, e assim como ocorre com outras doenças, o dependente químico pode buscar ajuda para controlar sua adição e entender o ciclo da doença.

Segundo um levantamento nacional realizado sobre álcool e drogas, o Brasil tem hoje 2 milhões de usuários de crack. Uma droga que se alastrou silenciosamente país a dentro, chegando a áreas rurais e até indígenas.

Municipalismo

Para a CNM, que trabalha com a temática desde 2011, há muito a ser feito. A política de drogas existente ainda condena a população mais vulnerável e com pouco estudo.

Percebe-se uma lacuna nas áreas de tratamento e reinserção social do usuário de drogas. Existe a necessidade de aproximar as três esferas de governo para implementar uma política que contemple a todos.

Investimentos

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, o número de vagas para dependentes químicos foi ampliado em seis vezes. Em 2011, era de 500 e subiu para 3,3 mil atualmente, em serviços próprios ou conveniados. Deste total, 2 mil vagas (60%), estão no interior do Estado.

Conforme informou a Secretaria, o encaminhamento é feito pelos municípios e a internação só é indicada para casos graves.

Quantidade de dependentes químicos cresce no mundo

A quantidade de dependentes químicos no mundo aumentou pela primeira vez em seis anos, segundo um relatório divulgado em junho do ano passado pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes).

De acordo com o órgão, o número de dependentes químicos passou de 27 milhões, em 2013, para 29 milhões, em 2014. Segundo o UNODC, o crescimento se deve, principalmente, ao ressurgimento da heroína como uma droga popular.

Maconha é mais usada

Em todo mundo, 207 mil pessoas morreram devido ao consumo de drogas em 2014, diz o relatório. A taxa de mortalidade é 15 vezes maior entre consumidores de drogas injetáveis do que entre não usuários na mesma faixa etária.

O relatório aponta ainda que quase 250 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos consumiram pelo menos um tipo de droga em 2014. A maconha continua sendo a substância ilegal mais usada no mundo, com 183 milhões de consumidores, seguida de drogas sintéticas, incluindo anfetaminas e ecstasy, com 55 milhões.