Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
O grupo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) que está acampado em Piacatu há dois anos em uma área arrendada mudou. Eles estavam acampados no sítio Nossa Senhora de Fátima, no bairro rural Bela Vista, há quase dois quilômetros da cidade.
A mudança de endereço, segundo o coordenador local do MST, Joaquim José de Oliveira, é devido o contrato de arrendamento ter vencido há um ano. “A proprietária da terra, na época, deixou a gente ficar no local mesmo sem o contrato, mas agora tivemos que deixar porque a área será utilizada”, justifica.
Oliveira disse ainda que este foi um dos fatores que fez com que o grupo mudasse de local. “O pessoal da Vigilância Sanitária esteve visitando os barracos e encontrou escorpião. Não queremos dar trabalho para a equipe de Saúde, muito menos colocar nossa gente em risco. Então decidimos sair o mais rápido possível”, acrescenta o coordenador.
Agora, em novo endereço, o grupo está a apenas alguns metros do antigo acampamento. De acordo com Oliveira, há no local 84 pessoas de Piacatu e outras 75 de cidades da região. “Muitos desistiram”, conta. O valor da área arrendada por dois anos não foi divulgado.
O novo acampamento já conta com energia elétrica e água encanada. A prefeitura continua disponibilizando a coleta de lixo duas vezes por semana. Para o coordenador do grupo, o que lhe chama a atenção é a união dos acampados. “Aqui um ajuda o outro em tudo que é preciso”, relata.
Reunião com o Incra
Oliveira diz ter participado nesse dia 16 no município de Iepê de uma reunião com o superintendente regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em São Paulo, José Giacomo Baccarin.
Segundo o coordenador do MST de Piacatu, a reunião que aconteceu no salão paroquial daquela cidade reuniu mais de quatro mil pessoas. “Estiveram presente o prefeito de Iepê, Francisco Célio de Mello (PT), e do prefeito de Lucélia, João Pedro Morandi (PT)”, diz.
De acordo com Oliveira, a informação do Incra é de que na região há áreas que estão prestes a serem destinadas à reforma agrária. “Só que ele [superintendente do Incra] não disse quando seria. Mas garantiu para gente que está próximo, é só aguardar”, ressalta.
Reforma agrária no governo Dilma registra o pior ano desde 1995
A expansão da reforma agrária alcançou, no primeiro ano da gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), o patamar mais baixo desde, ao menos, 1995.
Dados consolidados pelo Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) mostram que, em 2011, o número de famílias sem-terra assentadas foi de 21,9 mil, 44% inferior ao recorde negativo anterior, em 2010, quando 39,5 mil famílias foram assentadas.
Há outros indicadores que mostram a lentidão do programa de redistribuição de terras: a quantidade de assentamentos criados e a área incorporada.
O ritmo lento do programa em 2011 criou irritação no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que, em nota, exigiu que o “governo cumpra com os compromissos assumidos na jornada de agosto” do ano passado, quando integrantes do movimento foram protestar em Brasília.