Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
Moradores e autoridades em saúde pública de Bilac, Clementina, Gabriel Monteiro, Piacatu e Santópolis do Aguapeí estão preocupados com a frequência com que os escorpiões estão surgindo, gerando transtornos e causando algumas vítimas.
Em Piacatu, o caso mais recente aconteceu no sábado (7), quando um homem de 37 anos, foi picado na mão por um escorpião. Ele procurou atendimento no Centro de Saúde do município, onde o médico fez um bloqueio no local da picada e o medicou, liberando-o em seguida.
No dia seguinte (8), por volta das 18h, o homem voltou a sentir os sintomas, mas não teria procurado ajuda médica. Ele reside na zona rural, a aproximadamente um quilômetro da cidade.
Na segunda-feira (9) logo pela manhã, o homem retornou ao Centro de Saúde com tonturas, visão turva, hipertensão, urina escura e mal estar no corpo todo, além de dor intensa no local onde foi picado pelo escorpião.
A informação mais recente é que a vítima da picada de escorpião permanece com dores musculares, mas passa bem. No entanto, deverá realizar alguns exames médicos nos próximos dias.
De acordo com a diretora da Vigilância Sanitária de Piacatu, Tamiris Fagundes Rodrigues, neste ano já foram notificados três pacientes que tiveram acidente com escorpião. No ano passado foram sete pessoas vítimas de escorpiões.
Tamiris ressalta que estes dados são referentes à quantidade de pessoas que procuraram atendimento, pois acredita que haja várias pessoas que tenham tido contato ou encontrado algum escorpião, mas que não possui este tipo de registro.
A supervisora da Vigilância Sanitária em Santópolis do Aguapeí, Maria Silvia Martins, diz ter dados apenas a partir de fevereiro deste ano, quando assumiu o cargo. Nesse período, segundo ela, houve 15 casos. Não há registros anteriores.
Em Bilac, o chefe do departamento de Vigilância Sanitária, Ed Wilson Maciel Barbosa, cita 55 atendimentos feitos neste ano, mas nenhum com acidente. Ele explica que os atendimentos são referentes a pessoas que acionam o órgão para recolher o escorpião.
Barbosa diz contar com uma parceria com o médico veterinário Guilherme de Oliveira Fernandes, o qual trabalha em conjunto com a Vigilância Sanitária no combate aos escorpiões. No ano passado, segundo Barbosa, houve aproximadamente 180 atendimentos relacionados a escorpiões; todos sem vítimas.
A Vigilância Sanitária de Gabriel Monteiro disse que não possui registros de vítimas de escorpião, mas informou que no ano passado houve buscas em 23 residências, enquanto este ano teve apenas uma casa que encontrou o animal.
“Quando há denúncia, os profissionais vão até a casa, recolhem o animal e orientam os moradores”, relatou a chefe do departamento de Vigilância Sanitária, Maria Helena Sanches Ramos.
No município de Clementina, a Vigilância Sanitária informou ter feito recentemente desinsetização e desratização na rede de esgoto, o que fez com que os escorpiões surgissem nas casas. As autoridades em saúde pública da cidade disseram que o episódio causou transtorno nos moradores. Porém, não houve vítimas.
De acordo com a Vigilância Sanitária, as agentes comunitárias de saúde estão orientando a população a limpar e manter os quintais limpos, de modo que dificultem os locais onde os escorpiões se abrigam.
Apesar de ter dito que houve um aumento no surgimento destes animais na cidade depois da desinsetização, a Vigilância Sanitária não soube informar a quantidade exata.
PALESTRA INFORMATIVA
Na manhã desse dia 10, a agente técnica de saúde da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de Araçatuba, Vera Lúcia Ataíde Romão, ministrou uma palestra em Piacatu para a equipe de Vigilância Sanitária e agentes comunitárias de saúde. O evento aconteceu na Câmara Municipal, às 9h20.
De acordo com o manual de controle de escorpiões do Ministério da Saúde, existem 1.600 espécies conhecidas no mundo, sendo que, destas, 160 são encontradas no Brasil, ou seja, 10% do total de espécies existentes.
A palestrante informou que na região de Araçatuba há a predominância do Tityus serrulatus (amarelo) e o Tityus bahiensis (marrom-escuro ou preto), cujo tamanho do adulto desta espécie chega a 7,0cm. De um modo geral, o maior escorpião pode atingir até 21cm, enquanto o menor chega a 1,2cm quando adulto, segundo dados da Fiocruz.
Vera ressaltou a necessidade de informar a população sobre como prevenir o surgimento de escorpiões em suas casas, uma vez que a erradicação é impossível. “É um problema que temos que conviver e controlar”, disse. Os escorpiões têm hábito noturno.
A agente técnica de saúde da Sucen sugeriu ainda que a Vigilância Sanitária dos municípios realize reuniões com proprietários de serrarias, madeireiras e com pessoas que moram em locais onde têm surgido escorpiões com frequência, de modo que os mesmos sejam orientados a evitar possíveis acidentes.
Vera recomendou às autoridades de saúde que orientem os moradores a manter os quintais limpos, evitando empilhamento de telhas e tijolos velhos, troncos caídos e construções sem reboco, pois são locais onde os escorpiões se escondem durante o dia.
Outra sugestão da palestrante é que as pessoas tenham mais cautela ao manusear toalhas, cortinas, peças de roupas e calçados, pois os escorpiões também se esconder nesses lugares. “Recomendamos ainda evitar plantas ornamentais densas, arbustos e trepadeiras junto a muros e paredes das casas, utilizar telas em ralos (pia, chão e tanque), assim como usar sempre calçados”, acrescentou.
Criança de seis anos morre após ser picada por escorpião em Glicério, em 2012
Um menino de seis anos morreu em outubro do ano passado após ser picado por um escorpião. Ele brincava em casa quando contou aos pais que tinha sido picado no pé por um bicho vermelho e sentia a perna gelada.
O garoto morava num bairro rural de Glicério e nas proximidades estão instaladas fábricas de tijolos. Com dores, vômito e falta de ar, o menino foi levado para o Centro de Saúde do município e, em seguida, encaminhado ao Pronto Socorro de Penápolis.
De acordo o pai do garoto, Lúcio Luis de Paula, os médicos descartaram a possibilidade de que a criança tivesse sido picada por um escorpião. “Falaram que picada de escorpião não dava aquele sintoma, depois disseram que era diabetes e perguntaram se tinha alguém na família com a doença. Eu falei para os médicos que não havia e que era a primeira vez que ele estava assim”, explicou.
Depois de uma parada cardiorrespiratória, o menino foi transferido para a Santa Casa de Araçatuba. O quadro de saúde piorou, ele não resistiu e morreu. A família registrou um boletim de ocorrência por causa do atendimento no hospital de Penápolis.
A Santa Casa de Penápolis, responsável pelo Pronto Socorro, alega que os pais não informaram de imediato que a criança poderia ter sido picada por um escorpião. Isso só teria sido comunicado quase três horas depois de receber o primeiro atendimento, disse o hospital.