Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
Em Piacatu, as homenagens a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, começaram hoje (12) pela manhã, por volta das 6h20, com fogos de artifício. Por volta das 7h30, aproximadamente 50 cavaleiros percorreram diversas ruas da cidade, carregando a imagem da santa à frente.
A missa, celebrada na igreja matriz de São José pelo padre Edgar de Souza Lima, teve início às 9h com a chegada dos cavaleiros. “Êta povo porreta demais!”, disse o padre aos cavaleiros, referindo-se a organização e realização da cavalgada em homenagem a Nossa Senhora Aparecida.
Durante a homilia, o padre focou a questão da família. “Lutem pela unidade da família de vocês. Não percam o sentido de família”, orientou. Ele também mencionou que a pós-modernidade tem provocado um sentido de vazio no coração das pessoas.
O padre disse ter participado de grandes encontros promovidos entre famílias em Piacatu e destacou que o grande sentido que falta na atual sociedade é o sentido de família, de unidade. Ele aproveitou para chamar a atenção dos fiéis sobre os reflexos da pós-modernidade.
“De certa forma, percebo que a pós-modernidade foi esvaziando as pessoas. Construíram casas grandes, televisões grandes e colocaram-nas em seus quartos; cada integrante da família tem seu carro. Antes todos assistiam televisão juntos; agora cada um tem uma TV no seu quarto. O casal ao invés de conversar no quarto, agora assiste TV. A pós-modernidade vai esvaziando isso, o contato, a conversa”, relatou o padre.
E acrescentou: “Para a maioria, é bem mais gostoso ficar em casa mexendo no aparelho celular, enviando mensagens aos parentes, ao invés de reuni-los na grande família. Ai, daqui a pouco, as pessoas estão apresentando sinais de depressão, síndrome do pânico. Portanto, precisamos encontrar o sentido de viver, e o sentido está na união, na família. Não percamos o sentido de família”.
Mas padre Edgar também falou dos benefícios da pós-modernidade. “As pessoas estão encontrando familiares espalhados pelo mundo por meio das redes sociais. Até então, para muitos era difícil encontrar algum parente distante”.
De acordo com o padre, quando isso acontecer, o ideal seria convidar essas pessoas a marcarem um encontro para rever pessoalmente, e não apenas por meio de aplicativos de aparelhos celulares. “Não basta apenas falar pelo telefone ou rede social, mas, sim, pessoalmente. Esta é a dimensão que precisamos recuperar”, explicou.
Padre Edgar finalizou dizendo que uma sociedade unida não será destruída. “Precisamos entender que este é o sentido da vida. A gente só tem sentido enquanto caminha como família, como sociedade unida. Uma sociedade dividida acaba com ela mesma e não vai para lugar nenhum”, concluiu.
Sínodo da Família
A homilia do padre Edgar deste dia 12 vai de encontro com o Sínodo dos Bispos sobre a Família, que acontece de 4 a 25 deste mês, no Vaticano, em Roma (Itália). Ao todo, 270 bispos católicos do mundo - entre eles três brasileiros – participam da assembleia geral do sínodo.
No dia 5, o papa Francisco disse que o sínodo não é um parlamento e recomendou aos bispos que falem com franqueza e não façam acordos. O encontro debate sobre os diversos desafios atuais da instituição familiar, inclusive temas delicados, como o divórcio e a homossexualidade.
Em discurso no último dia 7, o papa Francisco disse que a família pode e deve ser a família de Deus e que o ‘espírito familiar’ é a carta magna da Igreja. O pontífice frisou que o mundo necessita uma “robusta injeção” deste espírito, posto que na sociedade não lhe dá o devido “peso, reconhecimento e apoio”.
O papa Francisco recordou que “a família que caminha na via do Senhor é fundamental no testemunho do amor de Deus e merece por isso toda a dedicação de que a Igreja é capaz”. E completou: “Por isso, o sínodo está chamado a interpretar, para o hoje, esta solicitude e este cuidado da Igreja”.