Crise financeira afeta consumo de carne bovina no Brasil, diz pesquisador


DIA DE CAMPO: Segundo palestrante, alternativa para pecuaristas é produzir 'carne melhor' para comercializar no mercado externo e compensar perdas

29/06/2015 11:06 - Atualizado em 09/07/2015 13:42 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Pecuaristas de Piacatu e região durante ciclo de palestras

Com a crise financeira que o Brasil enfrenta, o consumidor de um modo geral está com menos dinheiro para o consumo de carne bovina. Esta afirmação é do pesquisador científico Flávio Dutra Resende, que ministrou uma palestra no dia 20 deste mês na Fazenda Capivara, em Piacatu.

A palestra “Produção de sete arrobas a pasto em até quatro meses” foi acompanhada por aproximadamente 400 pessoas durante o ciclo de palestras do Dia de Campo. O palestrante destacou que o pecuarista deve encontrar alternativas para produzir mais na mesma propriedade, pois, em áreas onde o aluguel é caro, tem de produzir mais.

“O Estado de São Paulo possui grande área destinada ao cultivo da cana-de-açúcar. Porém, temos observado que várias usinas sucroalcooleiras estão com dificuldades financeiras. Isso, de certa forma, abre espaço para o pecuarista arrendar a área para criação de gado”, lembrou Resende.

Diante do atual cenário econômico, o palestrante sugeriu que os pecuaristas produzissem algo melhor para comercializar no mercado externo e, com isso, conseguir “compensar as perdas” no mercado interno.

Para o palestrante, uma alternativa seria abater animais cada vez mais pesados. Atualmente, segundo ele, o animal é abatido quando atinge uma média de 18,9 arrobas. “A meta, agora, seria abater o animal entre 21 e 22 arrobas”, recomendou.

No entanto, Resende disse que pasto não faz milagre. “Tem que fazer manejo. Precisamos produzir um produto ‘diferente’. No confinamento, o produtor faz o planejamento da dieta do animal”, ressaltou.

A zootecnista Marina Dal Coleto destacou em sua palestra “Para lucrar, tem que suplementar” que o Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo, com 208 milhões de cabeças, segundo dados de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

O país só perde para a Índia, com 329,7 milhões de animais, o que representa 31,9% do rebanho mundial, composto por 1,03 bilhão de cabeças. O número se refere a bovinos e bubalinos.

Em sua palestra, a zootecnista propôs aos pecuaristas produzir um animal com menos de 24 meses com mais de 18 arrobas. “Quanto melhor a genética do animal, melhor a reposta”, frisou.

A última palestra foi ministrada por Leonardo de Souza, intitulada “Você está satisfeito com seu rebanho?”. Ao final, como de costume, os pecuaristas foram conhecer o rebanho da Fazenda Capivara.

No final do ano passado, a Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne) divulgou que o objetivo deste ano seria atingir US$ 8 bilhões em embarcar 1,7 milhão de toneladas de carne.