Moradores de Clementina pedem retorno de sargento alegando aumento da criminalidade no município


Sargento PM Odair Rodrigues, que pediu remoção para Araçatuba, é acusado de agressão e abuso de autoridade; caso está sendo investigado

28/02/2014 22:55 - Atualizado em 20/03/2014 22:12 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Sargento PM Rodrigues solicitou sua remoção para Araçatuba

Moradores e comerciantes de Clementina assinaram um abaixo-assinado, contendo aproximadamente mil assinaturas, solicitando o retorno do sargento PM Odair Rodrigues de Lima Filho à base da corporação no município.

O documento foi entregue ao comandante da Polícia Militar na região de Penápolis, capitão Luiz Antonio Flauzino, no dia 19 deste mês, pelo comerciante Edson Rodrigues Gomes, 53 anos, autor do abaixo-assinado.

Desde 18 de dezembro do ano passado, ocasião em que o sargento PM Rodrigues foi afastado, a corporação na cidade está sob comando do sargento PM Juraci Pereira Dias, que atua no município vizinho de Santópolis do Aguapeí.

Os moradores que assinaram o abaixo-assinado alegam que os casos de furto e atos de vandalismo aumentaram na cidade após a remoção do sargento. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, em janeiro deste ano foram registrados 6 furtos. Se comparado com o ano passado, onde foram registrados 3 casos, o índice dobrou.

Em todo o ano passado, o município de Clementina registrou três roubos e 31 furtos (sendo dois deles de veículos), sendo 8 deles no mês de abril. Em média, foram 2,6 furtos ao mês. Já em 2012 houve 36 furtos na cidade, enquanto que em 2011 foram 43 casos.

Embora os dados apontem para uma pequena redução nos casos de furto anualmente, os moradores dizem que a sensação de insegurança é constante.

O comerciante Vivaldo Oreste Loli, 48 anos, foi uma das pessoas que assinaram o documento pedindo o retorno do sargento. Dono de uma loja de confecções há dez anos no centro da cidade, Loli teve sua loja arrombada duas vezes desde que o sargento foi removido. “Tive um prejuízo de quase R$ 28 mil”, conta.

Loli diz que o primeiro furto foi no dia 20 de dezembro do ano passado - dois dias após a saída do sargento-, quando estouraram uma das portas de blindex do prédio. No dia 6 de janeiro deste ano, quando a primeira porta ainda nem tinha sido reposta, estouraram a outra e furtaram mais mercadorias.

“Não teve jeito. Fui obrigado a instalar grades. Investi R$ 3 mil para aumentar a segurança na loja. O engraçado é que os bandidos estão soltos enquanto eu estou preso dentro da minha loja”, diz o comerciante.

CAMPANHA

Para o empresário Edson Rodrigues Gomes, 53 anos, autor do abaixo-assinado, o sargento desenvolvia um bom trabalho no município, mas foi afastado. “Depois que ele foi embora, os índices de criminalidade ficaram ainda piores do que eram antes dele”, afirma.

Além dos furtos, Gomes relata que há muito desrespeito no trânsito da cidade, com motociclistas empinando motos e vários carros circulando com volume do som alto, inclusive de madrugada. Ele diz ainda que há denúncias de pessoas consumindo drogas em locais públicos. “A cidade está uma bagunça”, avalia o empresário.

APOIO DOS PARLAMENTARES

Na tentativa de reforçar o abaixo-assinado, Gomes esteve na Câmara Municipal no último dia 11 para pedir apoio dos vereadores para o caso. Dos nove parlamentares, apenas três assinaram o documento. Gomes, que é presidente do PSDB local, diz ter solicitado apoio ao deputado estadual Dilador Borges Damasceno (PSDB) e esteve no Batalhão da PM em Araçatuba.

O empresário menciona também que esteve em Penápolis, ocasião em que esteve com o capitão PM Luiz Antonio Flauzino para falar sobre o assunto. “Ele [Flauzino] garantiu que irá analisar a possibilidade do retorno do sargento Rodrigues ao município. Se isso não for possível, disse que enviará outro sargento para a base de Clementina”, finaliza.

SARGENTO QUE MORADORES PEDEM RETORNO É ACUSADO DE AGRESSÃO E ABUSO DE AUTORIDADE

O sargento PM Odair Rodrigues de Lima Filho, que atuou em Clementina até dezembro do ano passado e atualmente atua em Araçatuba, é acusado de ameaça, agressão e abuso de autoridade.

Uma das denúncias foi feita pela trabalhadora rural Marilene da Silva Mendes, moradora do bairro Jardim Planalto, de Clementina. Ela registrou junto ao Ministério Público de Birigui denúncia de agressão e ameaça contra o sargento, no ano passado. A denúncia foi acatada pelo promotor de Justiça de Birigui, Maurício Carlos Fagnani Zuanaze.

O caso se tornou público em junho do ano passado durante sessão da Câmara de Vereadores de Clementina, ocasião em que a denunciante encaminhou cópia de seu depoimento ao Legislativo, o qual foi lido em plenário.

Na época, a leitura do depoimento foi acompanhada pelo acusado, sargento PM Rodrigues, por soldados militares, pelo comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar de Penápolis, capitão PM Luiz Antonio Flauzinho, e alguns munícipes.

No documento, Marilene relatou que os casos de agressão e ameaças começaram em agosto de 2012. Segundo a denunciante, em um dos casos o sargento teria perdido o controle e sacado a arma e apontado na cabeça de Marilene, dizendo que iria matá-la. Ela também disse ter levado tapas no rosto e ter sido ameaçada ser presa pelo sargento.

No mesmo dia, durante a sessão, o morador Ivanildo Tavares de Lucena relatou aos vereadores o suposto abuso de autoridade cometido pelo sargento PM Rodrigues. Na oportunidade, Lucena reconheceu em sua fala que “já foi do mundo errado”, e que tem passagem pela polícia.

O denunciante disse ter recebido um tapa na cara, dado pelo sargento. Na época, Lucena disse ter feito um abaixo-assinado, mas pedindo o afastamento do sargento, e enviou à Justiça.

Em sua defesa, durante a sessão da Câmara, o acusado mencionou que ambos os denunciantes têm passagem pela polícia. Porém, ele não negou as acusações, apenas mencionou que “a polícia apure os fatos e as providências sejam tomadas”.

Presente na sessão, o capitão PM Flauzinho adiantou que não admite abusos na corporação. Ele disse ainda que “não há corporativismo” e que “os fatos serão apurados. Cada um que assuma seus erros. Lei não se usa bom senso; tem que ser cumprida”.