Da Redação/Colaborador
A Polícia Civil de Adamantina (SP) investiga um caso de trote universitário aplicado em duas estudantes, sendo uma adolescente de 17 anos e uma mulher de 23 anos, ambas moradoras do município de Flórida Paulista. O caso foi registrado na noite de ontem (2), por volta das 20h30, em Adamantina.
De acordo com a delegada Patrícia Pranche Vasques, as estudantes cursam pedagogia no Campus 1 da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas). Porém, o trote ocorreu no Campus 2 da FAI, no Jardim Índustrial. "As meninas teriam pego um ônibus na FAI 1 e, ao descer do veículo na FAI 2, veteranos teriam jogado um líquido, ainda não identificado, em suas pernas, que no momento não causou nenhum constrangimento e muito menos feridas nas jovens", informou a delegada ao portal de notícias iFronteira, de Presidente Prudente (SP).
Conforme relatou a delegada, as meninas só sentiram algo de errado quando chegavam a sua casa. "Foi quando a água da chuva atingiu a região da perna onde o líquido foi jogado que as estudantes começaram a sentir dores. A princípio, com uma ardência nas pernas, elas foram socorridas em um pronto-socorro de Adamantina", ressaltou.
A Polícia Civil está em fase de investigação para chegar aos responsáveis pelo trote. "Ainda não sabemos quem foram as pessoas envolvidas, mas estamos apurando a autoria do trote e também a gravidade das lesões causadas para dar abertura a um inquérito, mas antes preciso levantar essas informações", comentou a delegada.
Jogaram um ácido em cima de mim, diz universitária, que pretende mudar de faculdade
A universitária Natália de Souza Santos, 17 anos, disse ao iFronteira que desceu do ônibus junto com as amigas e chegou a ir até um estabelecimento em frente à faculdade, mas, como estava cheio, voltou para perto do ônibus.
"Estávamos paradas e vieram umas meninas, que estavam escrevendo em nossos corpos o curso que estamos fazendo. Então, apareceram dois rapazes, que são estudantes, e jogaram um ácido em cima de mim. Pegou a perna toda", relatou.
Natália falou ainda que viu outras garotas sendo obrigadas a ingerirem bebidas alcoólicas. "Acho isso errado. Deixa de ser algo saudável. Eu até esperava que fossem escrever em mim, mas isso não. Minhas pernas estão inchadas e doendo. Estou tomando remédios também", acrescentou.
Depois do episódio, ela cogita a possibilidade de mudar de faculdade. "Fui hoje cedo falar com a direção da faculdade, mas eles disseram que não podem fazer nada porque aconteceu fora e não dentro da instituição. Estou insegura e com um pouco de medo. Não quero mais voltar, mas vou ver como vai ficar daqui para frente", lamentou a adolescente.
A tia da estudante, a comerciante Sueli Aparecida Dias, disse que as duas pernas da jovem foram atingidas. "Deu queimadura de terceiro grau. Amanhã ela tem retorno no médico para troca de curativos e outros exames. O líquido que provocou a queimadura ainda não foi identificado", frisou.
FAI emite nota repudiando episódio mesmo tendo ocorrido fora da instituição
Por meio de nota divulgada na tarde de hoje (3), a FAI se pronunciou sobre o caso, que aconteceu fora das dependências da instituição.
“A direção geral das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) lamenta o episódio de trote violento ocorrido fora das dependências da instituição envolvendo alunos ingressantes e presta sua total solidariedade a eles.
É importante lembrar que a FAI repudia toda e qualquer forma de violência e desestimula ações desta natureza. A direção também torna público que, para o início do semestre, a instituição reforçou a segurança interna em seus campus com a contratação de equipes especializadas para coibir trotes violentos ou vexatórios.
Como o incidente se deu em vias públicas, a FAI se coloca à disposição das autoridades policiais a fim de que este caso seja esclarecido o mais rápido possível e seus autores sejam devidamente responsabilizados de acordo com a legislação vigente.
Caso seja constatado que os responsáveis pelo ato violento são alunos veteranos, a FAI tomará as medidas administrativas cabíveis, de acordo com o seu regimento interno, que podem culminar na expulsão desses indivíduos de seu quadro de discentes”.