Polícia Federal deflagra operação de combate a pornografia infantil em Santópolis do Aguapeí


Batizada de Operação Trust, ação cumpriu cinco mandados de busca e apreensão na região de Araçatuba; ao menos uma pessoa foi presa

16/09/2014 20:55 - Atualizado em 20/09/2014 12:13 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

A Polícia Federal de Araçatuba realizou na manhã de hoje (16) cinco mandados de busca e apreensão em alguns municípios da região de Araçatuba. Batizada de Operação Trust, a ação teve como objetivo combater os crimes de difusão e armazenamento de imagens com conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adolescentes.

Entres as cidades em que aconteceu a operação policial está Santópolis do Aguapeí, onde uma lan house localizada na avenida Antonio Francisco dos Santos Junior, no centro da cidade, foi alvo da ação por volta das 7h. O dono da lan house, M.O.D, 28 anos, foi encaminhado à delegacia da Polícia Federal, onde prestou depoimento e foi liberado.

Ao Comunicativo, o dono da lan house informou que a denúncia partiu do pai de uma adolescente da cidade e que a própria garota quem enviou as imagens para duas pessoas. “Foi ela quem enviou; ninguém roubou as imagens. Ela mesma confirmou isso à polícia”, ressaltou. Ele disse ainda que os policiais não encontraram nada na lan house.

Segundo testemunhas, os policiais também estiveram em uma residência próxima ao Recinto de Rodeio. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da Polícia Federal não havia informado em quantos municípios aconteceu a ação.

Durante a operação policial, um analista de laboratório de 26 anos acusado de possuir material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes foi preso em flagrante. No entanto, a Polícia Federal não informou a cidade em que o rapaz mora.

Em nota emitida à imprensa, a Polícia Federal de Araçatuba informou que a operação foi deflagrada após denúncia de que rapazes maiores de idade conquistam a confiança de adolescentes com promessas de namoro para obterem fotos íntimas.

De acordo com a Polícia Federal, ao conseguir as imagens, os rapazes as utilizam para obter vantagens sobre as vítimas ou para ridicularizá-las socialmente, divulgando-as por meio de aplicativos de troca de mensagens de celular. Essa prática, de acordo com a polícia, está se disseminando no interior do Estado.

No caso do analista de laboratório que foi preso na Operação Trust, o mesmo será indiciado pelo crime previsto no artigo 241-B da Lei 8.069/1990, com pena de um a quatro anos de prisão.

Conforme divulgado pelo Comunicativo em abril deste ano, três adolescentes de Santópolis do Aguapeí foram vítimas do “nude selfie”. Uma das garotas, de 14 anos, teve fotos postadas na internet onde vestia lingerie.

Já as outras duas adolescentes, de aproximadamente 15 anos, tiveram as imagens publicadas na internet delas nuas. Em um dos casos, a informação é de que o ex-namorado de uma delas teria publicado as imagens na internet.

A quantidade de vítimas de “nude selfie” mais que dobrou nos últimos dois anos no Brasil, segundo um levantamento feito pela ONG Safernet Brasil, entidade que monitora crimes e violações dos direitos humanos na internet, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público.

O estudo mostra que, em 2013, a Safernet atendeu 101 casos de pessoas que tiveram a intimidade exposta indevidamente na web. O número representa um crescimento de 110% em relação a 2012, quando a ONG contabilizou 48 pedidos de ajuda.

De acordo com o estudo, a maioria das vítimas do “nude selfie” são mulheres, com 77,14%. Já os homens representam 22,86% das vítimas. O levantamento revela ainda que 35,71% das vítimas têm idade entre 13 e 15 anos.