Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
O rio Aguapeí, popularmente conhecido como rio Feio, pode receber pequenas centrais hidrelétricas. A ideia está sendo estudada por empresas particulares.
Embora não tenha sido divulgado o nome do investidor, técnicos da SGH (Superintendência de Gestão e Estudos Hidroenergéticos) da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informaram que o pedido foi feito pela empresa Ecopart Investimentos Ltda. Os estudos estão sendo financiados pelo grupo Bertin.
De acordo com os estudos, dois pontos do rio Feio já foram praticamente selecionados para abrigar as microusinas de energia, sendo que um deles fica localizado no município de Salmourão, que faz divisa com Guararapes e Rubiácea.
O local apontado como forte potencial para a geração de energia é nas proximidades do Canal do Inferno, conhecido por possui uma das mais belas corredeiras da região e por sediar o Campeonato Paulista de Canoagem, que acontece anualmente no mês de novembro.
Nas mediações onde o grupo pretende instalar uma das centrais hidrelétricas, ainda há ruínas de uma microusina, abandonada há mais de três décadas. Com relação ao Canal do Inferno, o projeto prevê a preservação total da queda d’água. O empreendimento deve ser construído a 50 metros acima.
Outro local apontado para receber as geradoras de energia fica na cidade de Lucélia. O ponto em estudo é o Salto Botelho, composto por algumas cachoeiras. Além da instalação da microusina, existe a possibilidade do local ser revitalizado e receber uma passarela semelhante à de Foz do Iguaçu (PR) para atrair turistas.
O projeto de revitalização do Salto Botelho partiu do prefeito de Lucélia, João Pedro Morandi (PT), que informou já ter encaminhado ao Ministério do Turismo um projeto solicitando R$ 3 milhões para ser investido no local.
Além da passarela, está incluso no projeto a construção de um mirante para a apreciação da mata, quiosques, praça de alimentação e de três piscinas naturais. Com a aprovação do projeto e liberação do recurso, o prefeito de Lucélia acredita que a cidade será uma das referências em ecoturismo na região.
Morandi ressalta que a questão ambiental será preservada. Entre as propostas está o repovoamento do rio e seus afluentes com espécies de peixes nativos. “A intenção é soltar alevinos de dourados, jaús e pintados; espécies nativas que estão praticamente extintas”, completou o prefeito.
POTENCIAL
Em entrevista à Folha da Região do dia 26 de julho, o engenheiro integrante do PIR (Planejamento Integrado de Recursos Energéticos) e doutorando da USP (Universidade de São Paulo), Mário Fernandes Biague, informou que por meio das cotas altimétricas apuradas, foi calculado o potencial teórico dos rios, córregos e ribeirões da região de Araçatuba.
O resultado, segundo ele, foi de um potencial de 447,26 MW, ou seja, bem maior ao da hidrelétrica de Nova Avanhandava, que opera com uma potência de 347,4 MW.
Ainda em entrevista à Folha da Região, Biague ressaltou que o potencial teórico tem como base o levantamento feito com mapas hidrométricos e não “in-loco”.
MEIO AMBIENTE
Além de estarem entusiasmados com o projeto que prevê a instalação de centrais hidrelétricas na região, os prefeitos das cidades que margeiam o rio Feio pensam tanto no aumento da arrecadação, geração de empregos diretos e indiretos, como na questão ambiental.
O prefeito de Rubiácea, Wilson de Novais (PSDB), disse que acompanha este projeto há quatro anos. Caso a instalação da microusina se concretize, o prefeito comentou que a região irá ganhar.