Não inauguramos maquetes, diz Dilma, pré-candidata do PT à presidência


Dilma disse a jornalistas que não tirariam uma crítica sua ao presidente Lula “nem que a vaca tussa”

11/03/2010 09:05 - Atualizado em 16/02/2023 16:15 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Dilma entre o prefeito Cido Sério (dir.) e Sérgio Machado

A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, disse a jornalistas durante coletiva de imprensa que o governo federal não inaugura maquetes, ironizando o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também pré-candidato à presidência, que, dias antes, anunciou a construção de uma ponte ligando Santos a Guarujá mesmo antes de ela ser licitada.

A frase, dita na tarde de ontem (10), em Araçatuba, no Recinto de Exposições Clibas de Almeida Prado, onde acontecia a Feicana/Feibio (Feira de Negócios do Setor de Energia), foi uma resposta de Dilma a um dos jornalistas quando questionada sobre sua presença em inaugurações de obras inacabadas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ela desafiou a imprensa a citar uma obra inaugurada por ela que não tenha sido concluída ou que ainda esteja no papel. Ninguém se pronunciou, apesar de o jornal Folha de S.Paulo do dia anterior (9) ter trazido como manchete “Serra e Dilma correm para inaugurar obra inacabada” e ter enumerado algumas delas a serem inauguradas até que ambos deixem os respectivos cargos.

NEM QUE A VACA TUSSA

Questionada por um jornalista sobre as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenando o uso da greve de fome por dissidentes do governo de Cuba, a ministra foi enfática: “vocês [jornalistas] não vão me tirar aqui uma crítica ao presidente Lula. Nem que a vaca tussa”.

Dilma ainda se declarou integralmente de acordo com todas as decisões tomadas pelo presidente Lula no governo. Ainda abordada pelo assunto, a ministra se conteve em responder o seguinte: “acho que são presos [os presos políticos de Cuba]. Não acho que são maus ou bons; são presos”.

A pré-candidata à sucessão presidencial emendou dizendo que “uma das melhores coisas que Lula fez para o país foi a política externa que implantou”, e que não é de graça que hoje o país é reconhecido internacionalmente. “Eu sou a favor do que o Lula fez porque [ele] deu para nós orgulho de sermos brasileiros”, completou.

BIOENERGIA

Após a entrevista coletiva, que durou uma hora e meia, a ministra Dilma, o presidente da Transpetro - subsidiária da Petrobras, Sérgio Machado e o prefeito de Araçatuba, Cido Sério (PT), lançaram o edital para a compra de 80 barcaças e 20 empurradores que farão o escoamento do etanol produzido na região pelo rio Tietê, cujo investimento estimado gira em torno de US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 354 milhões).

O presidente da Transpetro e a ministra Dilma também confirmaram a instalação de um estaleiro na região, embora a cidade que receberá o investimento ainda não foi definida. Para autoridades, Araçatuba é uma forte candidata para receber a obra, uma vez que está próxima ao rio Tietê.

Com a instalação do estaleiro, Machado disse que o empreendimento irá gerar 700 empregos diretos na região. A expectativa é que as operações sejam iniciadas em 2013 e, com isso, aumentar em até 50% a utilização da hidrovia Tietê-Paraná.

De acordo com o presidente da Transpetro, 25 estaleiros foram convidados para participarem da concorrência, sendo oito da região de Araçatuba, 12 de outros lugares do país e cinco do exterior. O vencedor é quem decidirá o local em que o estaleiro será instalado.

MOVIMENTO SEM-TERRA

Ao desembarcar no aeroporto estadual Dario Guarita, em Araçatuba, a ministra Dilma Rousseff foi recepcionada por aproximadamente 250 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), além de autoridades locais e da região.

Na ocasião, a pré-candidata a deputada estadual pelo PCdoB, Diolinda Alves de Souza, esposa do líder sem-terra de José Rainha Junior, entregou à ministra uma carta de compromisso e apoio a sua campanha rumo à presidência.

De caráter simbólico, o documento traz a assinatura de nove entidades ligadas à reforma agrária, sendo: CUT (Central Única dos Trabalhadores), STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais), Sintraf (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar), SER (Sindicato dos Empregados Rurais), Mats (Movimento dos Agricultores Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), Uniterra (Unidos pela Terra) e o próprio MST.