Cemitério de Piacatu já está superlotado


Sepultamentos atualmente são realizados em túmulos não perpétuos. Em média, 48 pessoas morrem ao ano

30/10/2010 09:20 - Atualizado em 30/12/2020 20:56 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Capacidade de túmulos já chegou ao limite

No próximo dia 2, celebra-se o Dia de Finados. E o Cemitério Municipal Emílio Spadari, de Piacatu, já não possui mais terrenos disponíveis para sepultamento.

A informação foi divulgada esta semana por Noel Lemes da Costa, coveiro há sete anos. Segundo ele, não há mais terrenos vazios em nenhuma das três quadras do cemitério. “Quando o terreno é da Prefeitura e o túmulo não é perpétuo, o local é aproveitado para novos sepultamentos”, explica.

O coveiro disse ainda que as covas reaproveitadas geralmente são locais não perpétuos, onde a pessoa foi sepultada há muito tempo. “Muitos sequer têm família. Vários túmulos estão abandonados”, acrescenta.

Quando há a reutilização do local para um novo sepultamento, Costa disse que os restos mortais são recolhidos e deixados no mesmo lugar. “A maioria dos terrenos não é encontrada ossos pelo fato de terem sido enterrados na terra”, ressalta.

Atualmente, segundo o coveiro, não é permitido o sepultamento na terra; somente em gavetas. O valor dos terrenos fixado pela Prefeitura varia de R$ 87,26 a R$ 155,37.

Costa ainda conta que o primeiro sepultamento feito no cemitério foi de um garoto de 12 anos chamado José, em 1945, pois, antes disso, o município era distrito de Bilac.

De acordo com o coveiro, há pouco mais de cinco mil pessoas sepultadas no cemitério, ou seja, praticamente a atual população da cidade, que possui aproximadamente 5.500 habitantes.

UMA MORTE POR SEMANA

Conforme informações do coveiro, somente neste ano já foram sepultadas 39 pessoas, sendo a primeira em 16 de janeiro e a mais recente no último dia 30.

Outra curiosidade apresentada por Costa foi que, neste ano, o mês de abril registrou o maior número de mortes: 8. Já o mês com menor número de mortes foi março, com apenas um sepultamento.

Em média, segundo o coveiro, são sepultadas 48 pessoas ao ano. “Teve ano que morreu 52”, lembra. Se comparar a quantidade de mortes ao ano e dividir pelo número de semanas (o ano tem 52 semanas), chega-se a média de uma morte por semana em Piacatu.

PROIBIDO MORRER

Em 2005, a lotação do cemitério deu notoriedade ao município de Biritiba Mirim (SP), com 27.483 habitantes. Na ocasião, o então prefeito Roberto Pereira da Silva, o Jacaré (PTB), baixou um decreto proibindo as pessoas de morrerem.

Ele queria chamar a atenção para o fato de não poder construir um novo cemitério em razão de restrições na legislação ambiental, devido 89% da cidade permanecer em áreas de mananciais e o restante protegido por estar na Serra do Mar.

A pressão acabou dando certo, e o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) mudou a resolução que tratava do assunto e permitiu que Biritiba pudesse construir outro cemitério.