Crianças ingressam na escola mais cedo


Pesquisa do IBGE revela que jovens estão permanecendo mais tempo nos estudos

30/09/2013 08:56 - Atualizado em 26/03/2014 09:38 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Kadu e Mariana, ambos com 3 anos, brincam na piscina de bolinha

A pequena Mariana Ferreira Dutra, 3 anos, de Piacatu, já conhece as cores primárias e algumas secundárias e sabe diferenciar um círculo, um quadrado e um triângulo. Segundo a mãe de Mariana, a secretária Sônia Lemes Ferreira Dutra, a filha frequenta a escola desde os cinco meses.

O pequeno Victor Kadu Vieira Natal, 3 anos, de Piacatu, já sabe as letras do alfabeto, também conhece as cores e circunferências e, ainda, sabe contar histórias infantis. A mãe de Kadu, a bibliotecária Maira Eduarda Natal, 23 anos, disse que o filho ingressou na escola aos sete meses. Ambos são colegas e frequentam a mesma escola, a Escola Municipal Comecinho de Vida.

Tanto Mariana quanto Kadu refletem uma tendência cada vez mais clara segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2012, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no último dia 27.

A pesquisa indica que a taxa de escolarização das crianças de cinco e seis anos já atingiu 92%. Em 2002, apenas 77,2% delas estavam na escola com estas mesmas idades. “As crianças estão entrando na escola cada vez mais cedo. Os motivos são inúmeros”, diz a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira.

A universalização da educação infantil no país é a primeira meta do PNE (Plano Nacional de Educação), que tramita no Senado Federal. A proposta é aumentar em 50% o atendimento a crianças com até três anos até 2020.

Há estudos que destacam os benefícios da escola no desenvolvimento de indivíduos nesta faixa de idade. E universalizar o acesso na faixa etária dos quatro e cinco anos, até 2016.

Mas os pais também têm percebido a necessidade de matricular seus filhos em creches e escolas cada vez mais cedo por outras razões.

Sônia optou em matricular Mariana na escola antes mesmo de completar um ano porque ela e o marido trabalham e não tinham com quem deixar a filha. “No início a gente fica com pena porque ela era muito pequena. Mas não me arrependo em ter matriculado ela. A Mariana é muito inteligente e o contato com outras crianças têm sido muito bom”, avalia.

Situação semelhante foi a da mãe de Kadu, que também teve que matricular o filho na escola antes dele completar um ano. “Antes ele ficava com meus avós maternos para eu poder trabalhar. Mas a matrícula só foi feita após eu ter mudado de emprego, em outra cidade”, explica Maira Eduarda.

A mãe de Kadu diz ainda considerar o filho como uma criança à frente de seu tempo. “Ele sempre foi uma criança inteligente mesmo antes de frequentar a escola. As professoras já notaram o quanto ele é ‘adiantado’ em algumas atividades desenvolvidas na escola”, ressalta.

JOVENS PERMANECEM POR MAIS TEMPO ESTUDANDO

As pessoas não estão só entrando na escola mais cedo, como permanecendo mais tempo. Em 2012, os jovens de 20 a 24 anos declararam ter passado, em média, 9,9 anos estudando ao longo da vida. Em compensação, pessoas com 60 anos ou mais informaram ter estudado apenas 4,4 anos em média.

Para os jovens de 15 a 17 anos de idade, o percentual dos que frequentavam escola foi de 84,2%, proporção um pouco superior à observada em 2011 (83,7%.). Este número era de 81,5% dez anos antes da pesquisa.

Os pais também têm optado por ter menos filhos, uma tendência observada há anos pela Pnad. A população jovem tem diminuído em todas as faixas de idade até os 24 anos.

Por outro lado, os jovens protagonizam uma situação preocupante: começam a trabalhar cada vez mais tarde. Os grupos etários compreendidos por pessoas de 20 a 29 anos apresentaram tendência de perda de participação entre os ocupados (de 24,87% da população economicamente ativa em 2011 para 24,13% em 2012). E 34,6% dos desocupados têm idades entre 18 e 24 anos, o que representa 0,7% a mais que no ano anterior.