O pecuarista é um plantador de pasto, diz palestrante da USP


Palestrante ressalta que não basta apenas ter pasto, mas, sim, pasto de qualidade

04/07/2012 21:46 - Atualizado em 17/01/2018 21:51 | Por: Otávio Manhani

Otávio Manhani/Jornal Comunicativo

Gado da Fazenda Capivara exposto durante o Dia de Campo

Entre as palestras ministradas durante o Dia de Campo realizado no dia 30 do mês passado na Fazenda Capivara, em Piacatu, o palestrante professor doutor José Bento Sterman Ferraz, da USP de Pirassununga (SP), disse que “o pecuarista é um plantador de pasto”, e enfatizou que o pasto deve ser cuidado como uma cultura.

Para o palestrante, não basta apenas ter pasto, mas, sim, um pasto de qualidade. “O bom desempenho do gado depende da alimentação nutricional, manejo, saúde e mão-de-obra. Para conseguir eficiência e aumento de produtividade, é necessário [o pecuarista] ter conhecimento e definir metas e objetivos”, reforçou Ferraz.

O palestrante mencionou que até 2050 a produção de alimentos terá que ser dobrada em quantidade e que atualmente o mercado interno é o principal consumidor de carne bovina. Ele frisou também que o Brasil perdeu a liderança na exportação de carne bovina para os Estados Unidos.

No entanto, segundo o diretor-técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, o país deverá voltar à primeira posição no ranking dos maiores exportadores de carne bovina no mundo este ano devido ao câmbio que melhora a competitividade do país e às restrições enfrentadas por seus concorrentes para ampliar a oferta.

Pela estimativa da consultoria, o Brasil poderá chegar à primeira posição com um embarque de 1,465 milhão de toneladas equivalente carcaça, à frente da Austrália (1,38 milhão de toneladas) e dos Estados Unidos (1,25 milhão de toneladas).

Pecuária x Agricultura

O palestrante destacou ainda que a pecuária está perdendo espaço para a agricultura, e citou a cana-de-açúcar, seringueira e eucalipto. Porém, ele defendeu que a pecuária, tendo o conhecimento necessário, ainda é mais vantajosa que a agricultura em vários tipos de culturas.

Sobre a perspectiva da indústria frigorífica de início de um ciclo de baixa no boi gordo, por conta da maior disponibilidade para abates, diretor-técnico da FNP levantou dúvidas sobre a extensão deste recuo. “Temos visto muitos pecuaristas saindo ou transferindo expressivas parcelas (de suas propriedades) para a agricultura”, ressaltou.

No entanto, ele ponderou que a rentabilidade do setor está boa, com a arroba acima de R$ 90 base São Paulo, valor acima da média histórica em torno de R$ 75 para o período.

Neste cenário, a tendência era de que o pecuarista elevasse o investimento, mas a opção pela agricultura - por sua rentabilidade ainda maior - pode levar a alguma liquidação do rebanho e interferir no volume de animais para abate e, inclusive, nos preços.