Otávio Manhani/Jornal Comunicativo
Depois que o pré-candidato a prefeito pelo PV de Piacatu, o empresário José Aparecido Tomé, desistiu de concorrer nas eleições municipais deste ano, tudo parecia que as tensões da política local seriam mais tranquilas com a candidatura à reeleição do prefeito Nelson Bonfim (PTB) em chapa única. Parecia.
É que durante a apresentação do candidato a vice-prefeito Luiz Antonio Navacchio (PV), realizada na manhã do dia 23, no Piacatu Clube, houve um ‘desencontro de informações’ entre os grupos políticos.
A reunião transcorria normalmente com o discurso do prefeito, também imaginando que o acordo de fato estava certo. No entanto, para surpresa de muitos, o presidente do PV local, Celso Luiz Rios, não endossou a candidatura do diretor de escola Luiz Antonio Navacchio, alegando que tal decisão foi tomada pelo partido em votação unânime.
Entenda o caso
Com a desistência da candidatura de Tomé, o ex-prefeito Paulo César Navacchio (PSDB), que é cunhado do empresário e irmão de Luiz, disse ser favorável a uma candidatura única no município.
Desde a primeira reunião com os dez presidentes e representantes de partidos políticos do município, no dia 11 de junho, o ex-prefeito se propôs em contribuir com as articulações para a busca de um nome de consenso.
Para isso, o atual vice-prefeito Cleodemar José Gênova (DEM) havia deixado sua vaga de vice em aberto para que a composição de uma chapa única fosse feita e, com isso, disputaria uma vaga na Câmara.
Dez dias depois, Tomé anunciou sua desistência em concorrer como candidato a prefeito, mas teria sugerido o nome do cunhado Luiz Antonio Navacchio, entre outros nomes citados por outros partidos, para ser candidato a vice em uma chapa única.
O grupo do prefeito Bonfim, analisando os nomes sugeridos, propôs o nome do diretor de escola para compor a chapa. Consultado pelo grupo do prefeito se estaria disponível, Luiz disse que “se fosse para o bem e a paz do município estaria à disposição”.
No entanto, como a articulação em busca de uma candidatura única era feita com a participação do ex-prefeito e, segundo ele, o nome de seu irmão, Luiz, era consenso entre os grupos, que o acordo estaria certo para lançar a candidatura de Bonfim para prefeito e Luiz para vice.
Detalhes
Por outro lado, o presidente do PV deixou claro desde a reunião do dia 11 de junho que sozinho não tomaria nenhuma decisão. Enquanto isso, o nome de Luiz já era mencionado pela cidade como candidato a vice de Bonfim.
No entanto, segundo Rios, parte dos filiados do PV sequer sabia da decisão articulada por Navacchio e aprovada pelo grupo do prefeito, ou seja, o próprio partido não teria se reunido para discutir os rumos a serem tomados, principalmente se indicariam ou não um nome como candidato a vice.
Como Tomé oficializou sua desistência no dia 21 e a apresentação de Luiz foi agendada para a manhã do dia 23, o PV se reuniu na noite do dia 22 para dar sua posição diante dos fatos que aconteciam de forma rápida no cenário político local.
Sem a presença do presidente, mas com seu aval, o PV decidiu em votação unânime de que abriria mão em lançar um candidato à vice. A decisão foi comunicada ao presidente, que, segundo ele, imediatamente teria informado o ex-prefeito sobre a decisão do grupo, por telefone. Luiz não participou da reunião.
Dia do anúncio
Na manhã do dia 23, presidente e representantes dos dez partidos políticos estiveram reunidos para a “apresentação” do diretor de escola como candidato a vice de Bonfim, o que não foi confirmado. Desde então, muita polêmica, desentendimento e frustração.
Antes de anunciar que o PV abriria mão de um candidato a vice do partido, Rios reforçou que não toma sozinho as decisões e que não tem “nada contra a pessoa do Luiz Navacchio”, mas que o grupo foi unânime em não lançar candidato à vice.
Ao Comunicativo, o presidente do PV disse que imaginava que o ex-prefeito, irmão de Luiz, tivesse avisado sobre a decisão do partido, que foi tomada na noite anterior ao anúncio, de forma que tal desconforto fosse evitado.
Em nota, Rios diz: “Por falha de minha própria pessoa, confiei a alguém [referindo-se ao ex-prefeito] a decisão tomada pelos membros do partido no qual sou presidente. Arrependo-me de não ter chamado o Luiz e o prefeito antes do anúncio ao público, pois confiei que o portador que recebeu a decisão do partido [o ex-prefeito] haveria esclarecido aos mesmos a decisão. Respeitamos a posição de todos os partidos e gostaríamos que assim agissem com o PV”, finalizou.
Outro lado
O ex-prefeito Paulo César Navacchio confirmou em nota ao jornal que Rios entrou em contato com ele na noite do dia 22, mas para avisar que os membros do PV estaria se reunindo naquele momento, e não que o grupo já teria decidido pela não indicação de Luiz como candidato a vice.
“Contra-argumentei [com Rios] dizendo que não compareceria [a reunião do PV] porque encarava o assunto como encerrado e decidido”, diz a nota enviada por Navacchio. Ele ainda negou que sabia da decisão tomada pelo PV na noite anterior ao anúncio.
“Fizeram essa reunião sem a presença daquele que considero o mais interessado no assunto: o pré-candidato a vice Luiz Navacchio. Para mim, aquele gesto foi irracional; uma afronta àquilo que tinha sido combinado. Inexplicavelmente, mantiveram em segredo a decisão a que chegaram”, continua o ex-prefeito em trecho da nota.
Decepção
Após o anúncio em público de que não seria aceito pelo PV como candidato a vice em chapa única, Luiz Antonio Navacchio pediu respeito. “Isso é ridículo! Se fui convidado me filiar no PV, teria que ter participado desta votação, a qual diz que a decisão foi unânime”.
“[Agora] estão falando muito que Paulo Navacchio sabia da decisão. Ele sabia da reunião, tanto que ele me falou no sábado (23), na entrada para a reunião no clube, que alguns membros do PV estavam reunidos. É o que ele sabia e me informou na hora”, informou por meio de uma nota ao jornal.
“Peço que parem de acusações, intrigas, pois devemos pensar no bem e na paz da população de Piacatu. Do que cada um fez, deixe que a sua consciência lhe dê a resposta”, encerrou a nota.
